São Paulo, Brasil, 14 de setembro de 2025.
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Artista Professor Daniel Rodrigues Hernandez.
Blog Escritas e Narrativas.
4. O DISCURSO PEDAGÓGICO ENTRE A ARTE E A CIÊNCIA
Sabemos também que haverá tantos discursos competentes quantos lugares hierárquicos autorizados a falar e a transmitir ordens aos degraus inferiores e aos demais pontos da hierarquia que lhe foram paritários. Sabemos também que é um discurso que não se inspira em idéias e valores, mas na suposta realidade dos fatos e na suposta eficácia dos meios de ação. Enfim, também sabemos que se trata de um discurso instituído ou da ciência institucionalizada e não de um saber instituinte e inaugural e que, como conhecimento instituído, tem o papel de dissimular sob a capa da cientificidade a existência real da dominação”.
O que é importante destacarmos sobre essa competência atribuída e difundida pelo discurso é a sua burocratização e institucionalização da produção científica e seus saberes. Trata-se do discurso especializado que se encontra instituído numa hierarquia. A autorização da promulgação desse “discurso competente” se dá por essa hierarquização. O discurso enquanto forma de poder que veste a “capa” da ciência para lhe dar credibilidade e garantir a sua auto-legitimação.
À essa caracterização de CHAUÍ (1989) acerca da produção do “discurso competente” se aproxima a definição de ORLANDI (1983: 23) sobre o discurso pedagógico, que é por ela preconizado enquanto “uma formação social como a nossa, ele se apresenta como um discurso autoritário, logo, sem nenhuma neutralidade. O DP (discurso pedagógico) se dissimula como transmissor de informação, e faz isso caracterizando essa informação sob a rubrica da cientificidade. O estabelecimento da cientificidade é observado, segundo o que podemos verificar, em dois aspectos do DP: a metalinguagem e a apropriação do cientista feita pelo professor”.
Dá-se nesse contexto da produção do discurso pedagógico rubricado pela ciência, mitos como os do “bom professor” e do “bom aluno” (conforme indicamos no início do trabalho), que incidem também na formulação de projetos educacionais e até mesmo em políticas públicas, haja vista a recente divulgação de relatório da UNESCO (junho de 2007) que verifica que é atribuído ao aluno a culpa pelo fracasso escolar, e também pode servir de ilustração os indicadores de repasse de verbas do PDE (Plano de Desenvolvimento de Educação) apresentado pelo Ministério da Educação do Brasil nesse primeiro semestre, que priorizará o repasse às escolas que tiverem pior resultado em avaliações como ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica), etc.
(...)
Continua na próxima postagem!
Gratidão pela leitura!
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